Em Paz

Tu começaste a ter espasmos por tudo o teu corpo e tive que abraçar-te forte, chamar-te a calma, porque tudo e ser uma coisa que levávamos esperando muito tempo, essas coisas sempre são uma surpresa. A nossa menina quis sair do teu ventre antes de tempo, a horas intempestivas da madrugada. Tinha visto um filme chamado “O lado bom das coisas” que me fiz querer ter a minha historia pessoal com você. Tinha visto você mais bela que nunca levando uma vida dentro de ti.
Tínhamos unido as nossas vidas
Tu continuavas a ser a ternura em pessoa que eu tinha conhecido quando fizemos o terceiro grado da educação secundaria, tínhamos recuperado, se é que alguma vez existiu, a nossa relação de amizade antes de unir as nossas vidas para sempre. Eu tinha-me feito judeu e nós nos trasladamos a Israel depois da minha conversão.
Você deixou tudo para vir a viver comigo a Israel depois de que eu tinha-me feito judeu. Tínhamos olvidado as nossas línguas nativas e já falávamos o hebreu, que tínhamos feito nosso. Foram seis messes de alegria, de ilusões, mas também de sofrimentos, de atenções, tudo e isso você comportou-se como uma autentica dama.
E finalmente chegou o momento, fiquei com você com toda a delicadeza possível no teu carro, ainda que não tivesse licença de condução, mais a ocasião merecia isso.
Ingressaram-te em quiròfano às quatro da madrugada.
Gritou.
E finalmente a Sigrid nasceu.
Eu comecei a chorar como nunca fiz, não tinha tido nunca mais de dos amigos e tu foste a única amiga feminina que eu tive. Você foi desde o principio a única que me viu como era e com isso ganhou o meu coração.
O meu único desejo nesta vida foi cumprido.
Já possa (eu) morrer em paz.

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